Crítica|Convenção das Bruxas (2020)
Se perguntasse para uma criança nos anos 90 o que ela achou do filme Convenção das Bruxas, com certeza diria “assustador”. Esse atual remake traz coisas novas, como o protagonismo negro dos personagens e efeitos mais modernos. Apesar da brilhante interpretação de Anne Hathaway, seus gestos e sotaque podem soar mais caricatos do que assustadores.
A história
Dirigida por Robert Zemeckis, de Forrest Gamp e De Volta Para o Futuro, em1967, um jovem órfão (Jahzir Bruno) vai morar com sua avó (Octavia Spencer) em uma cidade rural no Alabama.
Quando o garoto é abordado por uma terrível bruxa, a avó decide se refugiar com o garoto em um luxuoso hotel. Eles só não imaginavam que no mesmo dia a Grande Rainha Bruxa (Anne Hathaway) levaria todo o seu clã para colocar o seu plano em prática: transformar todas as crianças em ratos e exterminá-los.
Anne Hathaway é uma atriz incrível
Com uma boca incrivelmente larga, dentes pontudos e outras características destinadas as bruxas no filme, Anne Hathaway surpreende novamente pelo seu talento.
Não vá ao cinema esperando nada parecido com a Grande Rainha Bruxa dos anos 90, interpretada pela Anjelica Huston. Anne reinventou a personagem e trouxe uma nova identidade, sem deixar de lado sua característica principal: uma bruxa temível e impiedosa.
Também é preciso enaltecer os looks que ela usa. Perucas extravagantes, looks elegantes de cores mais frias, nos tons de azul, roxo e preto. Quando não está em sua forma de bruxa, é impossível não destacar a beleza da atriz, que incorpora com louvor qualquer papel no cinema.
A única ressalva é que o sotaque super carregado e trejeitos que ela trouxe a personagem dá um ar muito mais caricato do que assustador. Porém, isso não tira o mérito de que a Anne entregou mais uma vez um ótimo trabalho.
Protagonismo negro
A escolha dos protagonistas é excelente. Octavia Spencer é uma grande atriz e o papel não poderia ser de outra pessoa. Sua personagem é uma avó protetora, que entende de assuntos místicos e guarda uma história com as bruxas.
O talento da atriz preenche todas as cenas e quando contracena com o neto, o ator Jahzir Bruno, dá super certo. O ator mirim trouxe ao personagem um bastante carisma.
O preconceito racial é levantado em alguns momentos. Quando chegam no hotel, ela diz ao neto que um amigo está ajudando, pois o hotel é caro, de elite, e pessoas negras não vão lá. Quando chegam, os ajudantes são negros e um deles se espanta ao ver uma negra se hospedando. Na sequência, o gerente faz questão de ressaltar o quanto um menino como ele é sortudo por estar se hospedando ali. Ridículo!
Falhas e erros
Algumas informações no filme são simplesmente desconexas e entregues sem sentido ao espectador. A avó diz ao neto que as bruxas atacam os meninos pobres e esquecidos, fazendo referência aos meninos negros. Mas logo depois, o primeiro a ser transformado em rato é um menino branco e rico, assim como todos no hotel.
Ela também vive tossindo e o questionamento dessa tosse é abordado algumas vezes no filme. Uma doença? Ou a presença das bruxas causa isso nela? Fica no ar, porque o expectador fica sem saber.
Diversas vezes é ressaltado que as bruxas são muito alérgicas a alho. A expectativa é de que algo acontecesse, como alguém por alho na comida das bruxas. Contudo, mais uma vez a informação foi entregue e jogada ao vento. Então tá, né?
A fofura e carisma dos ratinhos
Quando transformado em ratinho, o menino acaba fazendo amizade com as outras crianças transformadas em ratinhos, Bruno (Codie-Lei Eastick) e a ratinha Daisy (Kristin Chenoweth).
Eles são bem fofinhos e formam um trio engraçado, agradável para adultos e crianças. Cada um tem uma personalidade diferente. Enquanto o Bruno só pensa em comida (me identifiquei), Daisy é destemida e ambos seguem os planos liderados pela avó e seu neto.
A narração do ratinho já adulto feita pelo Chris Rock é muito boa!
Alguns efeitos especiais deixaram a desejar
Se os ratinhos ganharam o carisma do público, o gato preto da Grande Rainha Bruxa mal aparece. O pior de tudo é quando há uma transformação em massa no salão de jantar.
Quando as transformações em massa ocorrem, era esperado que as pessoas sentadas ali corressem em pânico, mas demora para acontecer, como se tivesse um delay. Ficou estranho.
Já a caracterização e efeitos em Anne Hathaway são perfeitos. Pode ser um pouco assustador para uma criança, mas para nós, fica a imagem de uma bruxa moderna e visualmente bizarra.
Convenção das Bruxas é um filme divertido de ver, mas não é incrível. Vale a pena assistir pela história já vista antes de um jeito mais moderno, e pela dupla Anne Hathaway e Octavia Spencer, ainda mais espetaculares juntas em cena. É um ótimo filme para assistir com a família.
Veja o trailer:
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