Crítica: Emily – cinebiografia da autora do clássico ‘O Morro dos Ventos Uivantes’
Autora do clássico da literatura britânica, Emily Brontë é referência quando o assunto é romances controversos da era-vitoriana. Uma inspiração a frente de seu tempo, sua vida foi marcada por tragédias e mistérios.
Interpretada pela excelente Emma Mackey (Sex Education), o filme faz um recorte da juventude de Emily Brontë até o momento de sua morte precoce, aos 30 anos.
Como pouco se sabe sobre a vida tímida e reclusa da autora, a diretora Frances O’Connor, tomou a liberdade de preencher com sentimentos e emoções os raros fatos que se tem registro. Assim, colocou um pouco de O Morro Dos Ventos Uivantes na vivência pessoal de Emily.
A primeira metade do filme é ótima e insere o público no mundo de Emily para entender quem é ela nesse espaço: tímida, introvertida e cheia de traumas.
Uma das pioneiras no romance gótico, flertando com o sobrenatural, O’Connor traz elementos sutis do terror no filme. Isso proporciona uma das melhores cenas e ajuda a trazer a obra de Brontë para sua vida.
Pontos positivos x negativos
A cineasta tem decisões ousadas em apresentar a inadequação de Emily a sua época. A família da jovem a considera um terror por sempre causar preocupações e problemas. Mas para ela, seu maior terror é ser justamente a pessoa padrão da época: obediente e submissa.
Emily tem ideias próprias e toma decisões muito questionáveis, como o uso de ópio e o desejo sexual pelo novo pastor da cidade. No entanto, toda a liberdade e irreverência adotada por O’Connor começam a deixar o filme cansativo na sua segunda metade.
A passagem de tempo não é clara e existem períodos demasiadamente devagar e outros super corridos. Apesar da ousadia da cineasta, ela ainda caminha em decisões confortáveis. O jeito nada sutil que utiliza para referenciar O Morro dos Ventos Uivantes é frustrante, já que fica difícil discernir o que biográfico e o que é inventado.
As atuações são incríveis! Destaque para Emma Mackey, que está super confortável no papel e entrega a aura “esquisita padrão” que a personagem pede. A estética vitoriana e gótica cria uma atmosfera perfeita e intensifica a aparente tristeza e solidão da protagonista.
Emily é uma ótima biografia fictícia e grande homenagem a uma das maiores autoras de todos os tempos! É uma excelente porta de entrada e apresentação de quem foi Emily Brontë e irá agradar os fãs de romances históricos. Mas deixa um sentimento de que escondeu um grande filme por trás das decisões seguras.