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Pequenas Cartas Obscenas | Crítica

Baseada em fatos reais, a comédia “Pequenas Cartas Obscenas” conta com Olivia Colman, vencedora do Oscar, e Jessie Buckley no elenco. O filme narra o escândalo ocorrido em Littlehampton, uma pequena cidade em 1920, onde os moradores receberam cartas anônimas e vulgares.

Apesar de carregar uma caligrafia cheia de floreios, o conteúdo das cartas insultava todas as mulheres, quase um “Burn Book” de “Meninas Malvadas”, da época.

Dirigido por Thea Sharrock (Como Eu Era Antes de Você), o filme não esconde o mistério por muito tempo quem é a autora das cartas para o público. Apesar de ser o tema central, a comédia dramática também foca no machismo e na falta de liberdade das mulheres na época.

Edith (Colman) é uma mulher mais velha e solteira, que ainda vive com os pais extremamente cristãos, interpretados por Timothy Spall e Gemma Jones. As palavras proferidas nas cartas que a família recebe com frequência são consideradas uma conduta criminosa.

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Créditos: Divulgação / Sony Pictures

Inconformados, eles vão até a polícia acusar a vizinha Rose Gooding (Buckley), uma imigrante e mãe solteira. Ela mora com um músico e afirma que o marido morreu durante a guerra. Seu jeito mais expansivo incomoda os moradores conservadores.

Por isso, a polícia não exige provas para a acusação e realiza a prisão diretamente. O escândalo das cartas gera uma comoção nacional e dá início a um julgamento.

Por sorte, Gladys Moss (Anjana Vasan), a única policial feminina na delegacia, não acredita que Rose seja a autora e começa, por conta própria, uma investigação para descobrir o verdadeiro culpado.

Machismo predominante

“Pequenas Cartas Obscenas” tem um ritmo acelerado, o que favorece a narrativa. Mas o grande destaque, sem dúvidas, é Olivia Colman. A atriz consegue entregar uma performance brilhante, intercalando entre duas personalidades bem distintas.

O longa, aliás, ilustra o preconceito que as mulheres enfrentavam através de três personagens femininas distintas. A policial Gladys, por exemplo, enfrenta falta de autoridade em seu trabalho, sendo constantemente desconsiderada pelos colegas por ser mulher.

Fora isso, ela lida com um ambiente predominantemente machista. Se apresenta sempre como “Policial Feminina”, tendo que se distinguir como título de inferioridade dos demais.

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Créditos: Divulgação / Sony Pictures

Em casa, Edith sofre com seu pai misógino, autoritário e extremamente controlador, além de sofrer preconceito por ser solteira e morar com os pais sendo mais velha. Talvez, a personalidade do pai influencie muito em sua personalidade.

Rose, além de carregar a acusação, traz o peso de ser solteira e de não se dedicar exclusivamente ao papel doméstico, que para a época era considerado o maior bem que uma mulher poderia ter.

Assim, “Pequenas Cartas Obscenas” acerta em cheio ao escancarar o horror de ser mulher em 1920, destacando a opressão sistêmica e discriminação. Ao mesmo tempo, diverte o público com o humor ácido presente nas cartas e o duelo cômico e intenso entre as vizinhas, interpretadas com maestria por Olivia Colman e Jessie Buckley. As duas atrizes comprovam mais uma vez a forte química que possuem em cena.

Assista ao trailer:

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