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A Garota no Gelo


“Seus olhos estão arregalados… Seus lábios estão entreabertos… Seu corpo está congelado… Mas ela não é a única. Quando um jovem rapaz encontra o corpo de uma mulher debaixo de uma grossa placa de gelo em um parque ao sul de Londres, a detetive Erika Foster é chamada para liderar a investigação de assassinato. A vítima, uma jovem e bela socialite, parecia ter a vida perfeita. Mas quando Erika começa a cavar mais fundo, vai ligando os pontos entre esse crime e a morte de três prostitutas, com as mãos amarradas e estranguladas em águas geladas nos arredores de Londres. Que segredos obscuros a garota no gelo esconde? Quanto mais Erika está perto de descobrir a verdade, mais o assassino se aproxima dela.”

Se você gostou de Garota Exemplar e A Garota no Trem, já coloca esse livro na sua lista! Três dias depois eu terminei A Garota no Gelo, primeiro livro do autor britânico Robert Bryndza, lançado esse ano aqui no Brasil pela editora Gutenberg e 1º lugar na Amazon US! 

Basicamente, a história consegue ganhar o leitor pelo prólogo. Pois é, os primeiros momentos já despertam um enorme interesse e ansiedade, que nos faz perguntar “nossa, o que será que vai acontecer?“, “quem matou?“, “quais são os segredos dela?“. Nos capítulos iniciais somos apresentados a Lee Kinney, o garoto que acha o corpo de Andrea, e logo depois a maravilhosa Erika Foster, “Detetive Inspetora Chefe”, como ela gosta de ser chamada, conduz o caso e aí sim, o clima fica ainda mais tenso. 
 (…) Aí é que está o problema. Fui integrada como chefe, e a minha primeira ordem é: suma daqui e vá direto para a sala do Marsh. 
(…) Crane começou a aplaudir. Outros policiais se juntaram a ele.
 Tá bom, galera.  disse ela  Fico muito lisongeada, mas ainda temos um assassino solto por aí. 

Foto: Ops, já vi! 

Brynza conduz uma narrativa em terceira pessoa, com muitos detalhes e pistas que tentamos desvendar e montar esse misterioso quebra cabeça junto da detive Foster. A linguagem é muitas vezes densa, principalmente na hora de contar os assassinatos. E é isso que faz o diferencial na história, ela não poupa o leitor, está ali tudo o que acontece entre um assassino e uma vítima, nua e crua. 

 Pra onde você está indo, Ivy? perguntou ela. 
(…)  — Posso te dar uma carona?
— Por que a gente ia entrar em um carro com uma vaca espancadora de criança? 
O autor se aprofundou na intimidade de cada personagem, principalmente de Erika Foster, uma personagem bem complexa. Ela tem muitos conflitos internos, um passado que luta para esquecer e poder seguir em frente. Foster sabe que a qualquer momento pode perder seu cargo, mas não baixa a cabeça para ninguém, principalmente para o seu chefe, Marsh. Seu senso de justiça sempre fala mais alto. O objetivo principal não é fazer só o trabalho, ela quer fazer o certo pelas mulheres que foram assassinadas injustamente. E o que mais faz você torcer por Erika é que todo mundo está contra ela, e óbvio, pela Lei de Murphy, tudo dá errado. Desesperador! 

 Foster, se tem uma coisa que você nunca dominou é a politicagem envolvida na polícia. Se você tivesse feito isso, poderíamos estar sentados em lados opostos agora.
 É. Bom, eu tenho os meus princípios  afirmou Erika, lançando-lhe um olhar duro. Houve silêncio. 

Outros personagens como a policial Moss, casada com uma outra mulher, mãe adotiva de um menino e o policial detetive, Peterson são os amigos de Erika e os personagens mais divertidos. Moss é dona das poucas partes cômicas do livro, pois a tensão toma conta do começo ao fim. A história se passa na maior parte do tempo na Delegacia de Polícia Lewisham Row, nos dando a possibilidade de acompanhar a rotina e o trabalho de uma investigação de assassinato, quase um SCI e How to Get Away With Murder da literatura. 

Seu nome é Kate Moss? perguntou para ver se ela estava brincando, e Moss confirmou com um triste movimento de cabeça. A sua mãe colocou em você o nome de Kate Moss?
 Quando me colocaram o nome de Kate, a outra, ligeiramente mais magra… 
 Ligeralmente!  gargalhou Erika, sem querer. 

Um dos temas mais relevantes e levantado pela detetive Foster foi a importância que a mídia, a polícia a as próprias pessoas dão ao poder. Três prostitutas foram assassinadas igualmente a socialite. Mas o caso das três foram arquivados e ninguém nunca soube, ao contrario de Andrea, que mobilizou o país. Mas antes do poder, eram mulheres, seres humanos que lutavam todos os dias por uma vida melhor. Mas novamente, os valores se invertem. A história contando a vida real. 

Foto: Ops, já vi

Quando as últimas páginas chegam e a história começa a ser revelada, confesso que é um pouco chocante. Você faz uma lista de personagens que possam ter cometido todos os assassinatos, mas o desfecho realmente surpreende. O único ponto negativo foi o motivo meio raso “da figura” (assim é chamada a pessoa que comete os assassinatos até o último momento da revelação), para cometer tantas brutalidades. Por mais que existam pessoas no mesmo nível doentia, achei que teria um algo a mais na causa. 

Era a última foto tirada de Mark vivo. Acima dela, estava escrito com pincel atômico vermelho:

“VOCÊ É IGUALZINHA A MIM, DETETIVE FOSTER, CADA UM DE NÓS MATOU CINCO.”

A Garota no Gelo é um thriller policial surpreendente. Sua narrativa mantém uma expectativa da primeira até a última página, você ficará tão aflita e ofegante quanto um bom filme de suspense. O que resta, é torcer para chegar logo aqui no Brasil a continuação, The Night Stalker. Quero! 

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