Coringa: Delírio a Dois| Crítica
Após o imenso sucesso de Joaquim Phoenix como Coringa, os fãs ficaram fervorosos quando souberam que Lady Gaga seria sua Harley Quinn. Contudo, a euforia deu lugar a dúvidas quando divulgaram que o filme do diretor Todd Phillips seria um musical.
Mas pasmem, a música nem é o problema. “Coringa: Delírio a Dois” tem seus momentos bons e ruins. Na história, Arthur Fleck está preso em Arkham, aguardando o julgamento por assassinar seis pessoas, entre elas o apresentador do talk show Murray Franklin.
Enquanto luta contra sua dissociação de personalidade, Arthur se apaixona por Lee Quinzel durante uma aula de música na prisão, o que também reacende seu desejo de estar nos palcos.
Ponto alto
No primeiro filme, a história traz um personagem invisível à sociedade, repleto de traumas e problemas mentais. E no final, Arthur Fleck, o palhaço que desejava ser visto, conquista uma rebelião de fãs e seguidores. No entanto, em “Coringa 2”, ele percebe que essa comoção não é por ele, mas sim pelo Coringa, e isso o incomoda.
Mais uma vez, Joaquin Phoenix prova seu talento. A inquietude, trejeitos e intensidade do personagem prendem a atenção do espectador a cada cena. Inclusive, sua atuação impressionante lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator em 2020.
Lady Gaga também brilha. A personagem é misteriosa, traz consigo uma grande obsessão por Coringa, que se manifesta em seus gestos e em sua maquiagem marcante. Pena que a personagem não é tão explorada quanto sua voz arrebatadora.
A fotografia do filme é outro destaque. Traz um jogo de sombras e cores que acentua a atmosfera sombria. O uso de close-ups intensifica a conexão emocional, permitindo que o espectador sinta a complexidade das emoções de Arthur.
A história escorrega em vários pontos
O filme enfrenta problemas estruturais ao seguir três tramas em paralelo: o julgamento de Arthur, sua luta interna e o romance com Lee. O resultado é uma narrativa de 2h19 que não se sustenta.
Apesar de ter o que o público espera: momentos dramáticos, a violência esperada e a risada icônica do protagonista, há uma sensação de que falta um elemento que amarre a história de forma eficaz.
As músicas até que são boas, assim como os atos bem coreografados da dupla, e faz sentido ser introduzida quando ambos estão em estado de delírio, mas muitas vezes ocorrem em momentos inadequados.
Quando a história está no clímax de dramatização, os personagens começam a cantar do nada, o que diminui o impacto emocional da cena.
Por fim, o desfecho dos personagens é, talvez, o maior ponto de decepção. A complexidade que tornou o primeiro filme tão impactante não se repete nesta sequência.
Coringa: Delírio a Dois está longe de ser um filme ruim. Traz boas atuações e excelente produção. Só é um filme desnecessário.
Assista ao trailer: