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Crítica | Amor, Sublime Amor é um filme indispensável para os fãs de cinema e musicais

Este é o primeiro musical de Steven Spielberg, mas a sensação é que o diretor fez isso a sua vida inteira – ou, pelo menos, se preparou para esse momento. Amor, Sublime Amor é um remake do clássico da Broadway e entrega tudo que um fã do gênero e de cinema espera: coreografias impecáveis, batalha de danças, músicas de tirar o fôlego e, claro, romance marcado por serenatas – tudo isso realizado de modo impecável, encantador e, em essência, deslumbrante.

Amor, Sublime Amor, em inglês West Side Story, é um remake do clássico da Broadway de 1957, já adaptado para o cinema em 1961 – levando apenas 10 Oscars para casa! A missão de Spielberg não era fácil, mas o diretor, junto com o roteirista Tony Kushner e grande equipe, entregaram um filme atualizado, melhor contextualizado e que agrega mais um capítulo incrível a trajetória desse Romeo e Julieta nova yorkino.

Sobre a história

O bairro de West Side está sendo demolido, vendido a empreiteiras que expulsam comunidades locais para criar arranha céus. Neste contexto, temos duas gangues que dominam a região: Os Jets, segunda geração de descendentes de europeus comandado por Riff (Mike Faist).

E os Sharks, comunidade porto-riquenha que veio em busca de melhores oportunidades, liderados por Bernardo (David Alvarez). Em um clima de rivalidade e preconceito, Tony (Ansel Elgort), melhor amigo de Riff, e Maria (Rachel Zegler), irmã mais nova de Bernardo, se apaixonam e se entregam a um romance condenado a tragédia, principalmente quando os dois grupos armam um confronto final pelo domínio do bairro.

As maiores mudanças de Spielberg foram em relação ao contexto e à representatividade. Agora, o panorama socioeconômico da região está melhor desenhado: duas comunidades pobres e marginalizadas cuja promessa de terra da prosperidade não foi cumprida. Os Jets são órfãos ou frutos de famílias disfuncionais, enquanto o racismo e o preconceito limitaram, e muito, as oportunidades dos porto-riquenhos, mesmo que estes sejam cidadãos americanos legítimos.

Divulgação / 20th Century Studios
Acerto no elenco

Além disso, Spielberg e equipe escalaram atores latinos de fato. O elenco do filme é praticamente composto por rostos não familiares, o que ressalta o talento do diretor em descobrir atores pouco conhecidos e de talentos ainda inexplorados – são todos incríveis com vozes impecáveis. Rachel Zegler entrega uma Maria ingênua, doce e destemida, com uma voz forte, lírica e profundamente impactante.

Outro acerto do novo Amor, Sublime Amor, é não se perder em nostalgia pelo antigo e entregar as homenagens de forma orgânica dentro da narrativa, principalmente pela presença de Rita Moreno – cujo papel de Anita lhe rendeu o Oscar de melhor atriz coadjuvante e foi responsável pelo seu desponte em Hollywood.

Dando vida a Valentina, dona da farmácia, local onde Tony mora e trabalha, a personagem ganha protagonismo na canção “Somewhere”. É um número lindo que fala sobre o desejo desta rivalidade acabar. A personagem é uma adaptação bem-vinda, oferecendo atualização e carinho para com o filme anterior.

Divulgação / 20th Century Studios
Outros talentos

Agora, Anita é interpretada por Ariana DeBose, que rouba todos os holofotes em tela. A atriz é uma potência, linda, charmosa e extremamente talentosa. Tem a capacidade de dar vida e luz aos números que participa com sua dança fascinante. Ao chegarmos no final trágico da história, a vemos envelhecer e perder parte da sua alma diante de nossos olhos. Uma performance marcante que carrega boa parte da carga emocional do filme.

Desse modo, surpreende que o elo mais fraco do longa seja, justamente, o romance entre Tony e Maria. Sacrificado pelo acréscimo de mais contexto sobre a trama e pelo destaque de personagens coadjuvantes, o romance dos dois perde algo intangível. Talvez falte um pouco de química nos momentos fora das performances musicais, mas Ansel Elgort tem uma voz forte, imponente e vulnerável ao mesmo tempo.

O talento para musicais do jovem é uma grata surpresa, mas sua performance além das músicas é um pouco dura. Falta fluidez, leveza e intensidade que o personagem precisa. Já Rachel Zegler é impecável no papel e consegue transmitir uma jovem inconsequente e apaixonada.

Divulgação / 20th Century Studios
Se renda!

Assim, o saldo final de Amor, Sublime Amor é o melhor possível, uma sessão indispensável para os fãs de cinema e musicais. Spielberg dirige cenas de batalhas de dança como se tivesse feito isso sua vida inteira, construindo momentos icônicos do audiovisual de forma banal e orgânica.

A fotografia é encantadora e, em última instância, sentimos como se estivéssemos de fato assistindo ao musical da Broadway. Não pelas performances teatrais, mas pela montagem e corte dos atos tal qual as cortinas de um teatro.

Um filme impecável, que soa nos dias atuais, e devastador: se preparem, porque é uma tragédia anunciada que não conseguimos nos poupar de viver.

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