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Crítica: Decisão de Partir

O diretor de Old Boy e A Criada, Park Chan-Wook, está de volta com Decisão de Partir, um suspense policial que explora de forma ousada um romance proibido que emerge de um caso de assassinato. 

O premiado diretor consegue transformar uma história clichê em algo original. Coloca o seu tom sombrio e pessimista de forma inédita, resultando em um dos melhores filmes do ano.

 Hae-Joon trabalha na divisão de homicídios de Busan. Jovem e competente, reclama com a esposa que não tem tido muitos casos nos quais trabalhar, até chegar às suas mãos a morte de um montanhista experiente. Tudo parece conveniente demais para ter sido um simples acidente e a história começa a apontar para a viúva Seo-Rae.

Interpretada pela excelente Tang Wei, Seo-Rae tem origem chinesa e seu coreano é limitado. A misteriosa mulher insinua pistas e frases enigmáticas que a colocam como principal suspeita do assassinato. Contudo, Hae-Joon não consegue enxergar com clareza. O fascínio pela jovem parece estar comprometendo a resolução do caso.

O filme policial começa como uma aventura procedural, flertando com o suspense Noir e um longa qualquer dos anos 1990, estrelado por Bruce Willis. Na primeira metade, o experiente diretor constrói os personagens e o enredo em um alicerce previsível que nos envolve. Mas na segunda metade, outro mistério vem à tona e rompe com tudo que esperávamos da história.

Decisão de Partir
Divulgação / Diamond Films

Nada é o que parece!

A direção é cheia de insinuações e mantém a estética ousada e original de Park Chan-Wook. A obsessão do detetive pela suspeita invade a sua privacidade, e toda a neblina da cidade faz alusão a própria visão do policial. O romance, não consumado, mas palpável de Hae-Joon e Seo-Rae, cresce de maneira sufocante. Ao contrário dos outros filmes, aqui a tensão é invisível, nada é explícito, porém cheio de entrelinhas.

Decisão de Partir é um filme sobre amor conturbado. O centro da questão não é “quem matou o personagem?”, mas o romance tenso de Hae-Joon e Seo-Rae. O futuro de ambos reside na necessidade de um passado mal resolvido.

A vida de Hae-Joon, um detetive prático e promissor, escorrega de suas mãos, enquanto a misteriosa Seo-Rae parece plantar pistas para que ela se mantenha suspeita no caso e o detetive não suma da sua vida.

O longa é um daqueles casos onde nada parece estar acontecendo até que tudo vira de cabeça para baixo, e nos encontramos tão atordoados quanto os personagens. Por fim, essa obra é bem diferente dos trabalhos anteriores de Park Chan-Wook, e, em certo ponto, carece de algo mais ousado e irreverente, porém ainda mantém a qualidade do diretor.

Assista ao trailer:

 

 

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