Crítica: Irmãos de Honra
Como é conviver com o racismo no exército diariamente? Baseado na história real do primeiro aviador negro da marinha norte-americana, Irmãos de Honra explora a forte amizade entre Jesse Brown e Tom Hudner.
No filme, vemos que os dois aviadores são surpreendidos com uma missão: intervir no conflito da Coréia com um novo e desafiador modelo de avião, o Corsair.
Em seu primeiro dia no centro de treinamento, Tom Hudner (Glen Powell) conhece o nada simpático Jesse Brown (Jonathan Majors). O rapaz é o melhor aviador da marinha – e o único negro.
Hudner é construído com um ar de herói ingênuo americano, quase uma bússola moral. Ele é uma das raras pessoas no trabalho que consegue formar um vínculo com Brown, o protagonista da história.
Majors se entrega ao papel e tem intensidade e nuances na medida certa. Jesse Brown é focado e impecável em seu trabalho, mas deixa sua armadura fora de casa, onde é um pai e marido carinhoso.
Pontos positivos e negativos
Irmãos de Honra demora a acontecer. A primeira metade do filme explora os bastidores da rotina de aviadores da marinha. O primeiro pico de tensão acontece diante da dificuldade dos novos pilotos em pousar o Corsair. Somente ali o diretor insere o público na temática.
J.D Dillard tem uma direção discreta, sempre à beira de algum rompante que não chega. Apesar de transmitir a tensão de pousar um avião e o perigo diário que os aviadores enfrentam, o roteiro tem diálogos muito enrijecidos.
Contudo, os diálogos que abordam o racismo são fortes e rompem com o padrão de filmes de guerra, que abordam a questão sob uma óptica branca.
J.D Dillard é filho do segundo aviador negro da marinha. Com isso, entrega uma experiência sensível, concreta e que mostra o racismo escancarado, mas também sutil. A performance de Majors é completa e Brown não poupa seu amigo Hudner de críticas – convidando o amigo a agir, ao invés de apenas se lamentar.
Irmãos de Honra é um ótimo filme para quem curte a temática militar. A história rompe com alguns estereótipos raciais e é um bom acréscimo ao gênero. No entanto, o longa não foge dos padrões de filmes de guerra: é técnico e se apoia no patriotismo americano (com perspectivas diferentes).
Enquanto traz um enredo que encaixa em nosso tempo, carece de dramatização e uma história que engaje além de palavras que voam mais do que os aviadores.
Assista ao trailer:
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