Lilo & Stitch|Crítica
Revisitar um clássico é sempre uma tarefa delicada, mas o live-action de “Lilo & Stitch” (2025) abraça o desafio com afeto e sensibilidade.
Em vez de repetir a fórmula da animação de 2002, o filme opta por uma abordagem mais sensível e realista, substituindo parte do caos alienígena por relações humanas mais profundas.
É uma escolha que pode até dividir os fãs mais nostálgicos, mas que encontra força justamente naquilo que sempre sustentou a história: o coração.
A relação entre Lilo e Stitch continua sendo o centro emocional da trama. Stitch, agora recriado em CGI, perdeu um pouco da ferocidade que tinha no original, mas ganhou um olhar mais sensível e expressivo, que transmite muito mesmo em silêncio.

Se antes ele era um monstrinho aprendendo a amar, agora parece mais um ser inocente tentando entender o mundo à sua volta.
Outro destaque é o elenco. A atriz Maia Kealoha, em sua estreia como Lilo, impressiona pela entrega. Ela consegue ser intensa, sensível e carismática, como a personagem pede.
Já Sydney Agudong, como Nani, transmite com sinceridade o peso de uma irmã que virou mãe antes da hora, equilibrando firmeza e vulnerabilidade. As duas transbordam cumplicidade em cena.
A escolha dos atores, com ligação real com o Havaí, ajuda a construir uma ambientação mais verdadeira e longe dos estereótipos.
A dublagem brasileira não fica para trás: entrega ritmo, emoção e bom humor. As piadas são bem adaptadas e arrancam risadas sem forçar.
Mais do que visual: respeito e sentimento
A ambientação também merece destaque, pois o filme valoriza as paisagens havaianas sem cair no exotismo, respeitando a cultura local.
E ao mesmo tempo, traz uma crítica sutil. Nani ainda é uma jovem com poucas oportunidades fora do turismo, o que diz muito sobre a realidade de quem vive nas ilhas.

Mesmo sem cena pós-créditos, o filme se encerra de forma redonda, sem forçar ganchos para uma nova continuação. Ainda assim, como o original acabou gerando uma série de derivados, a Disney mantém a porta discretamente entreaberta para o futuro.
Mas no fim das contas, o novo “Lilo & Stitch” é um filme que olha para frente sem apagar o que nos encantou lá atrás, entregando uma abordagem mais madura e dramática.
O longa é um experimento que deu certo. Porque, no final das contas, OHANA quer dizer família. E família não se deixa para trás. Nem mesmo nas releituras.