M3gan – Crítica
A melhor amiga que a gente queria na infância (ou não)! Novo ícone da cultura pop, a boneca M3gan chega aos cinemas brasileiros surpreendendo o público com sua língua afiada. O foco da história não é o terror visceral. A personagem traz muitas críticas sociais satíricas.
Após a perda traumática dos pais, Cady vai morar com sua tia Gemma (Allison Williams) – engenheira brilhante de uma grande empresa de brinquedos tecnológicos.
Apaixonada pelo trabalho, Gemma decide unir o útil ao agradável e implementa sua nova criação para ajudar Cady. M3gan, a boneca de inteligência artificial, promete ser a melhor amiga da sobrinha.
A profundidade dramática do filme de terror é um dos primeiros pontos que impressionam. O primeiro arco é conciso e competente em nos apresentar os personagens principais e introduzir M3gan aos poucos.
Além disso, não se perde demais em devaneios tecnológicos e foca na construção da relação complicada entre a boneca, sobrinha e tia.
A bonequinha não sabe brincar!
Ao contrário de possessões demoníacas, a boneca M3gan é uma inteligência artificial disfuncional que reproduz as próprias falhas humanas. Com o avançar do filme, M3gan se torna cada vez mais sinistra, porém suas motivações se assemelham quase a uma anti-heroína.
O filme demora a tomar um rumo assustador de verdade, pois o terror reside principalmente na ideia do que a M3gan representa, não em suas atitudes.
Quem espera passar medo talvez se decepcione. M3gan se assemelha mais a um episódio de Black Mirror, ainda que, no terceiro ato mostre realmente para o que veio e tudo se torne mais sangrento.
O maior charme da personagem icônica é a sua língua afiada – sempre pronta para alfinetar e jogar um veneno – fora a empatia que tem por Cady, sua usuária principal.
Allison Williams segura a trama muito bem com uma personagem que nunca assume a posição de heroína. Pelo contrário, ela é cheia de defeitos e seus erros são pontos cruciais para toda a história da Inteligência Artificial desandar.
M3gan é um filme super divertido, irônico e envolve o público completamente ao longo de 1 hora e 42 minutos. Se no começo desejamos ter uma amiga multifuncional que nos proteja de crianças inconvenientes, ao final percebemos que esse lance de amor possessivo pode ser pior que a presença de um demônio.
A história causa choque e gargalhadas (por vezes de desespero), o que deixa a experiência ainda mais completa.
Assista ao trailer:
