Maria Callas |Crítica
Não se limitando a contar a história de uma das maiores cantoras da ópera do século XX, “Maria Callas” vai além, e traz nas telas a vida da artista em uma verdadeira tragédia lírica, onde sua grandeza e as sombras pessoais se entrelaçam de forma profunda e emocional.
Dirigido por Pablo Larraín (“Spencer“), a narrativa da história é construída de forma não linear. Assim, ela permite que o público acompanhe a vida da cantora em fragmentos — desde os momentos de êxtase no palco até os de solidão nos bastidores.
A história mostra a ascensão meteórica de Callas, seu envolvimento com figuras como Aristóteles Onassis, e as perdas emocionais que marcaram sua trajetória.
Em cada um desses momentos, é possível sentir a tensão entre o brilho e o sofrimento de uma mulher vulnerável. Isso é perfeitamente capturado na maneira como a história é contada.
Como uma ópera, o filme mistura altos e baixos, com grandes picos de emoção seguidos por momentos de silêncio doloroso.

A tragédia lírica
O conceito de tragédia lírica se faz presente em toda trama, principalmente na maneira como Larraín explora a dualidade entre a imagem pública de Callas.
Além disso, o filme usa a música não apenas como elemento narrativo, mas como um reflexo das emoções da protagonista. Isso intensifica cada dilema pessoal com a mesma grandiosidade com que ela canta suas árias.
A atuação de Angelina Jolie é, sem dúvida, um dos maiores destaques. Ela não se limita em imitar Callas, mas mergulha nas complexidades emocionais da personagem.
Sua performance é repleta de nuances, onde a força e a fragilidade se alternam de maneira impressionante.
O filme, assim, traz uma reflexão sobre o preço alto da grandeza, e nos leva a mergulhar nas complexidades de uma vida dedicada à arte, onde a busca pela perfeição muitas vezes vem acompanhada de sofrimento.
No final, fica claro que a vida de Maria Callas foi uma ópera inacabada, com notas de beleza e dor que ecoam através do tempo, e o filme faz justiça a essa imortalização.