O Peso do Talento – Homenagem divertida a Nicolas Cage
Não existe alguém que nunca assistiu a um filme do Nicolas Cage e não tenha alguma memória afetiva em relação a ele. Ícone dos anos 1990, houve um tempo em que o cinema era tomado por filmes do ator, que já fez um pouco de tudo. Desde a notória nomeação ao Oscar até a dublagem de um filme infantil. Nicolas Cage é um mito e essa é a premissa do seu nome filme, o Peso do Talento.
Nick Cage está tentando persuadir o diretor do momento a lhe dar o papel de sua vida, mas não dá certo. Divorciado e com dificuldade em se relacionar com a filha de 16 anos – já que é muito autocentrado, Nick Cage não vive o auge de sua vida.
Seu empresário o convence a aceitar fazer uma “presença de aniversário” em Mallorca, na Espanha, por 1 milhão de dólares. Ele aceita pois precisa muito, já que acumula uma dívida de 600 mil.
Lá, o ator conhece o empresário Javi (Pedro Pascal), um cinéfilo super fã do seu trabalho, que está trabalhando em um roteiro no qual gostaria que Nick Cage atuasse. O problema é que a CIA informou Nick Cage de que Javi talvez seja um grande chefe do crime organizado local.
Os inúmeros Nicolas Cage
O Peso do Talento vai para todos os lugares sem jamais perder o foco e o bom humor. O filme é uma metalinguagem autobiográfica ficcional do próprio ator Nicolas Cage. O que teria tudo para ser uma bagunça, demonstra ser genial e super divertido.
O diretor e co-roteirista Tom Gormican, parece entender exatamente como o mito do ator foi construído e como este conversa com diferentes públicos e gerações. Sem jamais julgar ou criticar a qualidade artística de seus trabalhos, o Peso do Talento aborda a relação sentimental que cada pessoa tem com as obras de Cage.
Recheado de inúmeras referências a seus trabalhos mais notórios, o filme não é auto-indulgente ou pedante. Ou seja, consegue prestar uma homenagem divertida e irreverente ao ator que tem o privilégio de se auto-interpretar.
Existem inúmeros paralelos entre a história de Nick Cage no filme e o que sabemos da vida real de Nicolas Cage. Contudo, o que mais chama a atenção, é o personagem Nicky, seu alter ego – com um estilo grunge dos anos 1990. Nicky grita que Nick Cage não é apenas um “ator de carreira”, mas uma estrela de cinema. Inclusive, esse alter ego utiliza seu nome de batismo, Nicolas Kim Coppola. O filme menciona esse lado que pouco é abordado da vida pessoal do ator (ele, de fato, é sobrinho do diretor Francis Coppola).
O Peso do Talento é irreverente!
O que mais impressiona é como a história consegue manter seu tom e permanecer fiel às regras que criou para transformar a narrativa em uma metalinguagem. O filme transita organicamente entre comédia, drama e espionagem. Além disso, trata com naturalidade o absurdo da situação, que deixa tudo mais leve e um tanto filosófico.
No entanto, essa história só funciona, também, devido ao excelente elenco que acompanha a estrela do filme. Pedro Pascal vive uma de suas performances mais engraçadas. A química ele e Cage é tangível, os dois vivem um dos bromances mais fofos do cinema. Compartilham a paixão por filmes não de um jeito enciclopédico, mas com o coração.
Sharon Horgan e Lily Sheen, ex-esposa e filha de Nick Cage respectivamente, também tem uma ótima sintonia com o ator em tela e agregam muito ao tom do filme.
O Peso do Talento é surpreendentemente divertido! Ao brincar com o mito de Nicolas Cage construído no imaginário das pessoas, fala sobre cinema de uma forma mais informal e acessível, demonstrando que, para a maioria das pessoas, o valor de um filme vem da sua conexão afetiva com ele e das memórias que este desperta.
O longa tem um roteiro e direção impecáveis, mas, o que o torna especial é a diversão e irreverência na qual ele foi construído. Esse é um filme do Nicolas Cage para assistir com toda a família!
Assista ao trailer:
