Filmes

O Pintassilgo

O Pintassilgo é uma adaptação do livro homônimo mais comentado e aclamado atualmente, escrito pela autora autora Donna Tartt. Nos cinemas, a história conta sobre Theodore, um garoto de treze anos, vítima de um atentado dentro do Metropolitan Museum of Art, em Nova York, tendo milhares de vítimas, uma delas, sua mãe. Culpa, luto, superação, e mais uma montanha russa de emoções compõe a história. Theo passa por várias fases e em todas a sua base é um quadro que levou consigo no dia do atentado, uma pintura valiosíssima de um passarinho acorrentado, o famoso “O Pintassilgo”, de Carel Fabritius. Os 149 minutos na cadeira prendem o espectador enquanto revela aos poucos o desfecho do seu destino. 

Em suas duas fases, criança e adulto, Theo é retratado como um personagem complexo e cheio de traumas, que tenta seguir a vida após a morte trágica da mãe. Ele é abrigado por pouco tempo na casa da senhora Barbour (Nicole Kidman), junto com a família. Ela é uma mulher fria, distante dos filhos, mas vê algo especial no garoto, ele também tem um apreço por artes e antiguidades como ela. Através de um anel de família ele conhece o vendedor Hobie (Jeffrey Wright) e reencontra a sobrevivente da tragédia e sua grande paixão, Pippa (Aimee Laurence / Ashleigh Cummings). Rasamente conhecemos aos poucos a vida de cada personagem, mas Theodore é de longe o mais complexo, ele e seus sonhos intermináveis carregados de culpa pela sua mãe. 

Warner Bros. Pictures
Sua vida muda radicalmente com a breve chegada do pai alcoólatra, Larry (Luke Wilson) com a nova esposa Xandra (Sarah Paulson). Eles se mudam para Los Angeles e é lá que Theo conhece o mundo das drogas, ainda criança. O filme alterna a todo momento entre as atitudes do garoto criança e as consequências de quando adulto, sempre inserindo cenas curtas da tragédia. O que realmente aconteceu só é mostrado no final. Theodore tem um grande apego no quadro, já que a sua vida foi repleta de perdas sequenciais, mas ele ainda tinha a única coisa que era imortal e o único elo com sua mãe,  a obra de arte. 

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A narrativa prende muito o espectador. Apesar do filme ter mais de duas horas de duração, você fica vidrado e imerso na história do garoto, querendo saber o que realmente aconteceu e os próximos desfechos da história. O elenco é de peso e a escalação dos atores é excelente. O elenco mirim são muito semelhantes aos adultos, principalmente a dos atores Oakes Flegley e Ansel Elgort (A Culpa é das Estrelas), dono de um carisma em cena, incontestável.
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O ator mirim carrega o peso do protagonista, mas não tem muita expressão em cena, mas junto com seu novo amigo, Boris (Finn Wolfhard de Stranger Things), entregam a melhor parte da história. Finn coloca um sotaque russo carregado na voz e está ótimo no papel de um adolescente rebelde e apresenta à Theo um mundo mais sombrio, mesmo não aparente para o garoto. As cenas cômicas são todas de Finn, principalmente todas as vezes que ele chama o amigo de “Potter” – ironizando a aparência do amigo, que por usar óculos grandes, lembra o nosso bruxinho.

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O ator Aneurin Barnard, de Dunkirk, interpreta Boris mais velho. Ele tem um papel muito importante e de grande influência na vida de Theo em nas principais fases da sua vida. Achei que a maioria dos personagens não foram devidamente apresentados, então você não consegue se apegar a absolutamente ninguém. 

Alguns coadjuvantes despertam curiosidade devida a personalidade, como a personagem de Nicole Kidman, mas tudo só direciona a vida de Theo. Já outros personagens, mesmo superficiais, nem precisavam aparecer, como a noiva do protagonista, Kitsey (Willa Fitzgerald da série Scream), que só apareceu no filme para dar um motivo para a Nicole Kidman estar presente em cena, já que é mãe da garota na ficção. 

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A fotografia do filme é belíssima. Possui classe e elegância, com seus tons sóbrios. O diretor de fotografia é o vencedor do Oscar Roger Deakins, de Blade Runner 2049, o designer de produção indicado ao Oscar K.K. Barrett, do maravilhoso Her. A editora Kelley Dixon da série Breaking Bad, e a designer de figurino Kasia Walicka Maimone, de Ponte dos Espiões”. A direção é do John Crowley, que dirigiu Brooklyn, um dos meus romances favoritos e a série policial True Detective

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As cenas finais do filme são atropeladas e beiram o desnecessário e perdido, como se dessem conta de que não poderiam colocar mais páginas nas telas.  O Pintassilgo tem uma história complexa, carregada de reflexões por trás de um protagonista traumatizado. Apesar de longo, o filme consegue prender o espectador e é um filme que vale ser visto. O livro foi vencedor de um prêmio Pulitzer. Se o filme será indicado à alguma premiação não sabemos, mas seu requinte na tela é certeiro. 

Assista ao trailer:


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