O Preço da Verdade – Dark Waters

Baseado na história real do advogado, Robert Billot, o filme fala sobre um dos maiores crimes ambientais cometidos pela DuPont, grande empresa química americana. Explicado de uma forma simples para o expectador acompanhar através de dados o processo que se arrastou por décadas, vemos um brilhante Mark Ruffalo no papel do advogado corporativo, que ironicamente, defendia empresas químicas, por trás da incessante luta contra a maior delas. 

Robert Billiot começa a ver o meio ambiente com outros olhos após ser procurado pelo fazendeiro Bill Camp (Wilbur Tennant) da Virgínia Ocidental.  Ex vizinho da avó de Billiot, o homem acredita que a fábrica local da DuPont contaminou a água da comunidade, causando diversas doenças graves e a morte de várias pessoas e animais. É por essa motivação que Billiot reúne provas e inicia um processo contra a DuPont, arriscando sua carreira e o futuro da própria família.

Dirigido por Todd Haines (Carol, 2016) e baseado no artigo publicado pelo jornal The New York Times, o filme carrega um clima denso do começo ao fim, projetado pela angustia do protagonista em resolver o caso o mais rápido possível, o que se mostra cada vez mais uma causa impossível ao passar de cada ano em que ele imerge mais nas ilegalidades e crimes ambientais cometidos pela empresa. O caso passa a ser o seu principal objetivo de vida, quase uma obsessão para desmascarar a empresa e o grande sistema bilionário por trás, que foi matando direta e indiretamente a comunidade onde nasceu. 

O caso acaba interferindo na relação com sua família, onde a paranoia e o medo se instalam ao achar que todos estão infectados pela química, presente na água, na pasta de dente, nas panelas anti aderentes e em tantos outros locais presente nas residências dos moradores. O medo de que seu filho nasça doente, assim como filhos dos funcionários da empresa há muitos anos antes, o deixam tomado pelo pânico. 

Mark Ruffalo entrega um personagem complexo, diferente do que estamos acostumados a vê-lo nas tela. Ele é produtor do filme e vemos nas redes sociais o quão ele é engajado em ações que lutam pelo meio ambiente. Percebemos através da sua atuação o quanto ele está dedicado por esse projeto. 

Sua caracterização e trejeitos entregam um homem com a sanidade mental completamente afetada e culpada, por ter estado do outro lado enquanto pessoas sofriam o impacto dos crimes cometidos pela empresa que ele defendia. O fazendeiro não o absolve da culpa, enquanto seus colegas de trabalho dão as costas e o CEO da gigante DuPont, Victor Garber (Phil Donnelly), continua negando e rebatendo as inúmeras acusações e provas que Billy consegue reunir. 

É só na metade do filme que transparece o quanto a sua obstinação afetou a sua saúde e o seu relacionamento com a esposa Sarah (Anne Hathaway) e os três filhos. A atriz traz uma parte mais humana no filme, nos tirando da imersão corporativa que o filme nos leva. 

Sarah é advogada e bastante cristã, abdicou a sua carreira em prol da família e sempre apoiou o marido, inclusive quando ele revelou tudo o que estava por trás da DuPont, mas chegou um momento em que ele esqueceu da própria vida, se dedicando somente ao caso. 

O Preço da Verdade – Dark Waters é um filme sobre a incansável luta do advogado que busca derrubar um gigante sistema, que não se responsabiliza pelas inúmeras famílias que prejudicou por décadas. A ação minuciosa que ele moveu reflete até hoje. Realista e sem um final feliz concreto, a luta continua até hoje, mas Billiot sabe qual é o lado certo da batalha. 

Assista ao trailer: