O Quarto de Jack
(Foto: Divulgação) |
O quarto de Jack é um filme sensível e emocionante do começo ao fim, ainda mais quando vamos a cada cena conhecendo um pouco mais da vida de Joy (Brie Larson) e Jack (Jacob Tremblay).
Sequestrada, estuprada e mantida em cativeiro há sete anos, Joy mora com o seu filho Jack em um quarto de dez metros quadrados.
O menino acha que o mundo é literalmente o quarto onde vive, e que apenas ele, sua mãe e o sequestrador Velho Nick (Sean Bridgers) existem, afinal, isso é tudo o que ele acha que existe além do céu, visto diariamente pela pequena janela no teto. Joy sempre mentiu sobre a existência de mais coisas além deles, pois como uma mãe conta para seu filho de quatro anos que na verdade, eles estão mantidos em cativeiro há anos, e provavelmente nunca irão sair de lá?
À noite, ela tranca Jack no guarda roupa, até o Nick ir embora (ele só aparece para trazer poucos mantimentos ou apenas para dormir com Joy). Ela nunca deixou ver e nem tocar o menino, outro ponto dramático que o filme traz, a proteção maternal “faça o que quiser comigo, mas nunca toque no meu filho”.
(Foto: Divulgação) |
Quando Jack completa cinco anos de idade, Joy começa a ter planos para tirá-lo do quarto. As conversas com o menino sobre as realidades do mundo real e a grande fuga, são um dos momentos de mais tensão e emoção do filme. A narração é feita pela percepção do Jack, em sua vida dentro e fora do quarto.
A atuação de Jacob é extraordinária, virou o queridinho de Hollywood, aliás nunca tinha visto uma interpretação juvenil tao boa! Jacob é fã declarado de Star Wars – sigam ele no instagram, é uma imensa fonte de fofura. Mas voltando ao filme…
É inexplicável ver como uma criança tão inocente pode ter tanta sensibilidade e trazer forças que as vezes nós mesmos não sabemos de onde tirar. Quando Jack finalmente está livre, por várias vezes, ele pede com ingenuidade para voltar para “casa”, já que fica assustado com tanta novidade, como a própria claridade da luz, pois a pureza dele não o faz enxergar e entender onde realmente estava.
Um ponto de discussão que não é repercutido na maioria de casos como esse é o pós trauma. Como a vítima enxerga o mundo e a si mesma após um acontecimento tão traumático? Joy, por exemplo, não imaginava que após sair do cativeiro, se sentiria ainda mais perdida, com medo, julgada não somente por terceiros como a mídia, mas pelo seu próprio pai, que não conseguiu em nenhum momento olhar para o neto, por saber que ele é fruto de um abuso sexual. Até que ponto as vítimas tem o apoio emocional que merecem e são compreendidas? Até quando teremos julgamentos infelizes como “a culpa foi dela”, “ela deixou”, “poderia ter feito isso, ou aquilo…”. O que nós mulheres precisamos é de segurança, de apoio moral e psicológico de todos, de nos sentirmos seguras dentro de uma sociedade tão repugnante que se sente no direito de julgar o outro constantemente.
(Foto: Divulgação) |
A mensagem que o filme passa, o faz torná-lo uma verdadeira obra. O diálogo criado entre mãe e filho em uma terrível situação, que apesar de toda a angustia, nos mostra que nada é impossível, nem condições e limites, quando se há amor incondicional.
Informações: Filme canadense-irlandês de drama dirigido por Lenny Abrahamson e escrito por Emma Donoghue, baseado no livro homônimo.
Bônus: O filme concorre ao Oscar de Melhor filme, Melhor atriz (Brie Larson), Melhor diretor e Melhor roteiro adaptado, o longa de Lenny é um dos grandes favoritos (inclusive o meu). Ganhou o globo de ouro Brie Larson como melhor atriz de drama, e prêmio de melhor atuação jovem para Jacob Tremblay, no Critics’ Choice Awards.