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Rainhas do Crime


Empoderamento? Temos! Mesmo a figura masculina sendo dominante em uma sombria Nova York, nos anos 70, três mulheres com perfis completamente diferentes deixam o medo e a submissão aos maridos de lado e juntas, dominam a máfia. A adaptação da HQ The Kitchen, da DC Vertigo, enaltece o poder das mulheres em um mundo totalmente machista, onde a agressão contra a mulher é constante. Parece que nada mudou, não é mesmo? Se você subjugou que o filme é de comédia pelas atrizes escaladas, errou feio. Ele é tudo, menos cômico. 

Kathy (Melissa McCarthy), Ruby (Tiffany Haddish) e Claire (Elisabeth Moss) são três donas de casa no bairro de Hell’s Kitchen, em 1978, cujos os maridos, mafiosos irlandeses, são mandados para a prisão por três anos. Elas são sujeitas a dependerem do novo chefe local, Little Jackie (Myk Watford), que faz questão de humilhá-las e não dar um dinheiro suficiente nem para pagar o aluguel. 

É assim que elas se unem e tomam para si as questões da máfia irlandesa – oferecendo apoio e proteção a pequenos comerciantes locais. Com o tempo, o poder delas não vai incomodar só o Little Jackie, mas também chamará a atenção da máfia italiana. E elas estão prontas para eliminar de vez a concorrência.

Foto: Divulgação / Warner Pictures Brasil



Ao decorrer do filme, as personagens são bem desenvolvidas. Acompanhamos um pouco da vida de cada uma delas e todas as suas dores pessoais. As três sempre estiveram às sombras dos maridos e nunca tiveram forças suficientes para combatê-los. Já ouviu a expressão “se juntas já causam, imagina juntas?” Então…  

Com direção e roteiro de Andrea Berloff (assinou o roteiro de Straight Outta Compton: A História do N.W.A, indicado ao Oscar 2015), ela relatou bem o quão difícil é dar voz ao feminismo em uma sociedade extremamente patriarcal. Só acho que a transição das personagens foi rápida demais. Apesar de mostrar passo a passo o que elas precisaram fazer para chegar ao poder, acredito que em um cenário tão agressivo, machista, onde as mulheres não tinham voz, elas dominaram tudo muito rápido e todos aceitaram fácil demais, até. Mas ok.  

Foto: Divulgação / Warner Pictures Brasil


Melissa McCarthy é uma surpresa no drama cinematográfico. Apesar de ser indicada ao Oscar 2018 pelo filme Poderia me Perdoar?, é inevitável não se lembrar dela depois de assistir inúmeras comédias. Pra mim, ela sempre será a Sookie, de Gilmore Girls. No filme, ela é uma mulher inteligente, que está à frente das outras e líder do grupo – até então. Como ela tem filhos, a casa/família dela tem mais destaque do que as outras. Em contrapartida, ela é a única que quer o marido de volta e acredita cegamente que assim que ele sair da cadeia, vai dar valor a tudo que ela construiu e a deixará no poder. 

Foto: Divulgação / Warner Pictures Brasil


Tiffany Haddish interpreta uma mulher desbocada. Mesmo sendo maltrata pelo marido e sofrendo preconceito pela sogra e por todos por ser negra e morar em um bairro dominado pelos irlandeses, ela vê uma grande oportunidade em mudar de vida com a prisão do esposo. Cheia de trejeitos, Tiffany é a típica personagem que ou você ama ou odeia. Eu ainda não decidi meu sentimento. Mas é ela quem mais traz reviravoltas no filme – e que a atriz é boa, isso é incontestável. 

Foto: Divulgação / Warner Pictures Brasil


Elisabeth Moss é a minha favorita, confesso. Não sei se é pelo papel magnifico que ela interpreta na série The Hansmaid´s Tale, mas ela está incrível no papel de Claire, uma mulher que apanhou do marido, muito traumatizada e assediada por outros homens. Essa é a personagem que mais sofre mudanças na personalidade ao decorrer do filme. De vítima, ela se torna uma pessoa extremamente fria, que elimina todos que cruzarem o seu caminho com objetivo de machucá-la. Sorry, mas eu me afeiçoei a essa personagem. Ah, as cenas de mutilação na banheira são as melhores (não mostra o ato em si).

Foto: Divulgação / Warner Pictures Brasil


O único romance do filme é protagonizado pela Claire e o psicopata mais gentil que eu me lembre, Gabriel O´Malley (Domhnall Gleeson). Após ele salvar sua vida, os dois se aproximam e no final um  acaba complementando o outro. Em nenhum momento ela deixa de ser a mulher segura que se tornou, se relacionando com o Gabriel, muito pelo contrário. Prova de como os boys lixos já deveriam ter sido exterminados há décadas. 

O roteiro tem reviravoltas a todo momento. Confesso que não esperava do meio para o fim o tanto de coisas que aconteceu, uma delas até me chateou bem. But, no spoilers. Dá a impressão que a montagem no final foi feita às pressas e o final em si, não me agradou tanto. Quem assistir, depois me conta o que achou, afinal, gosto é gosto. 

Foto: Divulgação / Warner Pictures Brasil


Algumas trilhas sonoras complementam o filme como se já fizessem parte da história, né? Assinada por Bryce Dessner, membro da banda The National, as músicas tocadas ao longo da trama são ótimas. Minhas favoritas são: Simple Man, do Lynyrd Skynyrd eThe Chain, formado pelo quarteto da The Highwomen

Rainhas do Crime é um filme onde as mulheres não dominam só a máfia, mas conseguem ser donas e protagonistas de suas próprias histórias. Não é marcante, mas vale o ingresso. 


Assista ao trailer:


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