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Vice | Crítica

Vice, com oito indicações ao Oscar, incluindo as categorias de “Melhor Filme” e “Melhor Ator”, é um forte candidato a levar as premiações de 2019. Cheio de sátiras, tomadas rápidas e um humor carregado de acidez, o longa conta a história de Dick Cheney, vice presidente do governo George W. Bush (2001- 2009). 
Conhecemos as duas fases da vida de Cheney (Christian Bale) com muito humor e dinamicidade, desde o fracassado ex-aluno da Yale, sempre bêbado e medíocre, como a esposa o define, até a grande mudança de vida que ela induz, quando ele entra para a política, inicialmente como estagiário na Casa Branca no governo Nixon, para depois ocupar cargos importantes como Chefe de Gabinete da Casa Branca e Secretário de Defesa dos EUA, mas sempre usando a perspicácia para construir alianças com pessoas certas até chegar ao poder. Na vice presidência, a personalidade dele já é completamente diferente: frio, calculista e ganancioso pelo poder, assim como a esposa. 
Para quem já assistiu A Grande Aposta (vencedor na categoria de Melhor Filme no Oscar em 2016), sabe que o filme é cheio de imagens inseridas, cortes rápidos repletos de metáforas e explicações, diálogos dos personagens olhando para a própria câmera, conversando com o espectador e no Vice é utilizada a mesma fórmula interativa, que parece agradar bastante ao público. Lembrando também que os dois filmes tem os mesmos protagonistas, Bale e Steve Carell. 
 
Foto: Divulgação
Christian Bale é inacreditavelmente perfeito. Através da voz rouca, respiração forte, lábios quase sem mexer e o considerável ganho de peso (20 quilos!), ele construiu uma atuação pontual. A caracterização dele está impecável, me lembrou muito a do Gary Oldman em O Destino de Uma Nação, que levou a estatueta de Melhor Ator em 2018. 
 
Amy Adams encarnou a Claire Underwood (House of Cards) total! Lynne Cheney foi muito mais que o suporte do marido, ela alavancou a carreira dele até Dick chegar ao poder e se manter lá a todo custo, tanto que no filme retrata o quanto ela foi contra o esposo ocupar o cargo da vice presidência, pois na visão dela era um cargo figurativo e sem grandes decisões.
 
O ator Steve Carell interpreta Donald Rumsfeld, assessor econômico e Secretário da Defesa, um sujeito irônico, sarcástico, que age dentro das próprias leis. Já Sam Rockwell deu vida ao ex presidente George W. Bush, um jovem imprudente, tratado o tempo todo por Cheney como marionete, percebendo que George estava mais preocupado em agradar ao pai do que no poder, dando a Dick uma grande abertura sem perceber, para tomar as decisões por ele. 
 
Por mais que tentaram em algum momento humanizar Dick, ao mostrar a aceitação da opção sexual de uma das filhas, o filme não perdoa os erros cometidos ao longo da carreira política, principalmente a reinterpretação das leis que ele fazia, causando indiretamente a morte de milhares de pessoas depois do atentado do 11 de setembro. A frase “o fim justifica os meios” define bem a carreira de Cheney, uma vez que ele passou por cima de várias leis, usando da violência e manipulação, para chegar onde queria. 
 
Vice é mais um filme com uma dura crítica ao governo norte americano, o retratando em um passado nada distante, mas de um jeito brilhante e que cativa o espectador até o final. O roteiro tem diálogos muito bem construídos e as atuações e maquiagem são impecáveis. Se atentem a cena pós créditos, vai valer muito a pena!  
 
Assista ao trailer:
 
 

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