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Crítica | Nove Dias

Nove Dias é o filme de estreia do diretor e roteirista brasileiro, Edson Oda. Recebido com críticas positivas pelo festival de Sundance, o longa autoral demonstra a ousadia do cineasta em levantar questões existencialistas em um universo original e bem construído.

Pelo ponto de vista de uma jovem violinista e suas passagens mundanas, entramos em contato com o tema que nos rodeia: a beleza da simplicidade da vida humana, especialmente para aqueles que ainda não tiveram o prazer de desfrutá-la.

Will (Winston Duke) vive sozinho numa casa isolada no meio do deserto. Ele observa a vida desta jovem e de outras pessoas, enquanto faz anotações sobre suas dificuldades, conquistas e estados mentais.

Aos poucos, conhecemos o universo criado por Edson Oda. O misterioso trabalho de Will começa a ganhar corpo, principalmente com a chegada de Kyo (Benedict Wong), seu assistente. Os dois se preparam para um momento significativo na vida da alma que Will mais gosta de acompanhar. Até que, de forma abrupta, ela tem a vida interrompida. Enquanto Will entra em negação e procura respostas para a morte da jovem, ele precisa preencher a nova vaga disponível.

Candidatos aparecem à porta de Will e são entrevistados. Descobrimos, assim, que Will já experimentou a vida humana e guarda grande dor e ressentimento desta fase, evitando falar sobre isso. Enquanto os candidatos têm nove dias para passar no processo de seleção e serem escolhidos para “encarnarem”, uma jovem em específico desnorteia o entrevistador neste processo. Emma (Zazie Beetz) questiona Will e se recusa a seguir conforme suas regras.

Foto: Sony Pictures
Originalidade

Com uma premissa original, Nove Dias lembra Soul, só que uma carga bem mais existencialista e filosófica, além de brincar com o conceito de “anjo-da-guarda” católico, levando a audiência a enxergar Will sob essa ótica em determinados pontos. 

O elenco é repleto de estrelas. Temos dois atores da Marvel que deixam completamente o universo de super-herói para trás e entregam performances complexas e sentimentalmente profundas.

Winston Duke é o protagonista perfeito e mescla a frieza de eliminar candidatos com uma atitude empática e generosa de proporcionar a eles um momento que desejavam muito vivenciar. Além disso, temos também Bill Skarsgård como Kane, um dos entrevistados que carrega uma personalidade muito intrigante – neste assunto, todos tem personalidades distintas, mas jamais exageradas ou previsíveis.

Nove Dias é sobre a pergunta que assombra a todos os seres humanos: o que significa estar vivo? Estamos aproveitando nossa vida como deveríamos?

Com um cenário vintage e uma fotografia com aspecto sépia, o filme de Edson Oda cria um universo particular original e intrigante. Nos instiga a apreciar melhor as sensações simples que constituem a beleza do nosso cotidiano banal. Um enredo que nos acompanha após a sessão, deixando muito para refletir.

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